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Menos escolarizadas, com maior dificuldade de acessar o mercado de trabalho e com menor renda: esta é a situação das pessoas com deficiência no Brasil, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. O compilado aponta diversas desigualdades vividas por esse grupo que era de 17,2 milhões de pessoas em 2019 ou 8,4% da população.
No mesmo ano, 20% dos domicílios brasileiros tinham pelo menos uma pessoa com deficiência. As barreiras começam já na escola: enquanto 96,1% das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos sem deficiência estudavam no período adequado para a idade, a realidade para as com deficiência era de apenas 86,6%. Já entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 37% dos que tinham deficiência frequentavam o ensino médio, contra 65,5% daqueles sem essa condição. Apesar do direito à educação ser uma máxima para todos, o pesquisador do IBGE, Leonardo Queiroz, explica que a realidade não é bem essa.
E a dificuldade que começa na educação se intensifica no mercado de trabalho. Enquanto 66,3% das pessoas sem deficiência estão dentro da força, seja ocupadas ou à procura de uma vaga, essa participação cai para 28,3% no caso de quem tem alguma condição. A taxa de formalização também é bastante inferior: 66,3% contra 34,3%. E, como esperado, tudo isso influencia na renda desse grupo, que recebia em 2019, em média, R$ 1.639 mensais, ou cerca de ⅔ do rendimento das pessoas sem deficiência. De acordo com o pesquisador do IBGE, concorrem para isso o fato das pessoas com deficiência geralmente terem ocupações menos especializadas e de menor remuneração, além de uma série de preconceitos.
A pesquisa também revela alguns recortes de gênero, a começar pelo perfil mais feminino dessa população, já que 9,9% das mulheres brasileiras têm algum tipo de deficiência contra 6,9% entre os homens. Elas também parecem ter mais dificuldade para firmar uma união amorosa. A quantidade de mulheres sem deficiência, em união é 12,2 pontos percentuais maior do que a de mulheres com deficiência na mesma situação. Já no caso dos homens é de apenas 1%. A pesquisa mostra ainda que 16,1% das mulheres que vivem com alguma criança ou adolescente com deficiência estão desocupadas, contra 11,6% da desocupação feminina em geral. Para o IBGE, isso é um indício de que são elas que geralmente ficam responsáveis pelos cuidados desse menor, o que aumenta a dificuldade de obter um trabalho.
Edição: Rádio Nacional/Edgard Matsuki
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