O duelo da comunicação em que a transparência pública é ferida de morte

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A defesa dos direitos humanos depende de políticas de comunicação transparentes

Aproximam-se as eleições majoritárias de outubro e o eleitor comum deve buscar se informar da melhor maneira possível. A hora é urgente para se conhecer o que pensam e o que propõem os políticos por trás dos santinhos distribuídos nas ruas. Há ainda entre eles os políticos que tentam uma reeleição. É sobre a possibilidade de recolocação desses empoderados que desejam exercer um novo mandato eletivo, inclusive como governantes, que o eleitor deve se antenar ainda mais.

Tem sempre aqueles políticos que falam uma coisa e fazem outra. São os tradicionais mal intencionados. Especialistas na arte da política e da enganação. Aliás, essa parece não ser uma tendência, mas talvez uma maldição na vida pública brasileira através dos tempos. Pior para os eleitores, que depois de iludidos ainda têm que esperar mais quatro anos para desfazer o erro de ter caído na lábia de um candidato “papo-furado”. É por essas e outras que o eleitor precisa se instrumentalizar para distinguir o candidato picareta do candidato que vai trabalhar pelos interesses do povo e do pobre.

Daí também a necessidade urgente de o eleitor aprender as diferenças entre “política de comunicação” e “comunicação de política”. Política de comunicação é todo o planejamento de comunicação que tem objetivos claros, transparentes, e expõe o modo como esses objetivos serão alcançados. Comunicação de política é a mesma coisa, exceto pelo que os objetivos são omitidos, não são transparentes e o modo como esses objetivos serão alcançados depende em última instância do acesso a grandes verbas públicas.

Uma “política de comunicação”, em âmbito governamental, precisa ser estabelecida no PPA, na LDO e na LOA. Já a “comunicação de política”, quase sempre, não está presente em lei, porque sua função é aquinhoar grupos políticos, numa estratégia sub-reptícia de utilização da máquina administrativa do governo a favor de um projeto político-partidário individual, e não em prol de um projeto de desenvolvimento resultante de uma política de comunicação de interesse público. Não raro este último caso costuma ser fiel fonte de caixa dois.

Vejamos um exemplo prático ocorrido no Estado de Goiás. Um governo eleito para o terceiro mandato publicou uma lei criando cargos de chefias de comunicação em todas as suas autarquias diretas e indiretas. Isso é “política de comunicação”. Porém, esse mesmo governo, nomeia para esses cargos “profissionais de comunicação” que atenderam a campanha eleitoral. Isso é comunicação de política!

Ao transformar profissionais de comunicação, que atuaram em órgãos de comunicação privados, em agentes públicos custeados por dinheiro dos contribuintes, dois princípios éticos foram corrompidos: 1) Cooptação política mediante recompensa financeira por serviços prestados em campanha eleitoral político-partidária; e 2) Destruição da ética profissional dos jornalistas, que têm no bem-estar público a missão e a função sociais de seu exercício profissional, transformados em assessores de marketing, agentes de comunicação para a perpetuação de campanha eleitoral.

O episódio ilustra uma realidade que pode ocorrer em todos os estados do país. O resultado disso é que o povo que vive sob um regime que manipula ou exerce influência majoritária e poderosa sobre a imprensa, trabalhadores e órgãos de comunicação públicos e privados está vivendo uma realidade inventada, uma criação ilusionista de marketing de governo sobre o qual parte da população (eleitora) depositou uma confiança de forma ingênua, porque foi e ou está sendo enganada pelo maquiavelismo da “comunicação de política”.

Regimes totalitários se apoiam nesse modelo. Todos eles se dizem republicanos e se autoproclamam idealistas da transparência governamental, mas na verdade, abrigam governantes mercenários das próprias ambições políticas e têm em comum um projeto de poder a qualquer custo e exclusivista. Nestes casos, ai, ai dos interesses do povo. O regime se fecha e apresenta suas armas aos inimigos de ocasião. Cidadãos comuns que não torcem o nariz à incessante melhoria da representação democrática são ameaçados e os direitos humanos desaparecem sob o temor de um enfrentamento desproporcional contra o aparelhamento do Estado.

Desse cenário típico da insegurança de direitos constitucionais e de caça às bruxas, pode-se tirar outra lição que distingue política de comunicação da comunicação de política: a política de comunicação de um governo depende de um debate aberto com a sociedade, amplo, democrático e participativo. Soluções em comunicação promovidas por próceres de campanha eleitoral não correspondem à realidade do povo e às demandas por melhorias nas condições de vida e pela inclusão social, combate à miséria e desigualdades sociais.

Aparatos de campanha e estratégias traçadas por marqueteiros têm único objetivo de alçar políticos ao poder, não servem como modelos democráticos de política de comunicação, porque são exclusivamente ações resultantes e promotoras de comunicação de política. São despesas inventadas para sustentar projetos de poder, e não investimentos em projetos de comunicação de interesse público. No primeiro caso, muito dinheiro será gasto (e principalmente embolsado) em nome da “liberdade da informação” e da “transparência de governo”.

A fim de deixar mais clara essa questão, conheça abaixo as 10 diferenças básicas entre “política de comunicação” e “comunicação de política”, um duelo em que a transparência é quase sempre ferida de morte. Tomara que não mais… touché!

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